O volante Du Queiroz, rumo ao Zenit, se despediu do Corinthians de forma oficial. O jovem revelado nas categorias de base do Timão escreveu uma carta à Fiel Torcida, relembrando sua história de vida e seus melhores momentos com a camisa alvinegra.
Não está sendo fácil para Du deixar o Corinthians, clube que defende desde os 13 anos de idade. “Acho que nunca me senti assim antes, dando ‘mó pala’ nos últimos dias e fazendo coisas para não pensar, ver se consigo parar de chorar. Escuto música, assisto filme, jogo no celular, colo sozinho nos rolês, ando por aí… Mas tá muito difícil, vou te falar. Se for contar o tanto que já chorei deve encher uns 37 baldes daqueles que a gente colocava embaixo das goteiras lá em casa. Tá osso!”, escreveu o jovem ao The Players Tribune.
Além de defender o Corinthians desde muito cedo, Du sempre foi corintiano, influenciado pela família. O volante relembrou quando foi ao Pacaembu logo após seu pai ter deixado a cadeia, em 2008.
“Na época, o Corinthians estava numa fase meio ruim, na Série B e tudo. Meus amigos são-paulinos e palmeirenses me zoavam e aquilo me chateava. Criança, né? A gente só quer ver nosso time ganhando. Mas eu nunca desisti do Corinthians. E naquela tarde no Pacaembu com meu pai eu entendi duas coisas importantes”, iniciou.
“Se vocês me perguntarem quem era o adversário e qual foi o placar do jogo, eu não vou lembrar. Para mim ficou o que tinha de mais forte ali: estar com o meu pai, depois de tanto tempo, só eu e ele, vendo o Corinthians jogar. Nesse dia, eu, que já era corintiano, entendi o que é ser corintiano”, acrescentou.
“Claro que vencer e ganhar títulos é importante, mas para gente não basta. Ser corintiano é ter esses momentos inesquecíveis na vida junto com o Corinthians. São coisas nossas, memórias que a gente carrega para sempre e que o Timão fez parte. No meu caso, ser corintiano foi ter meu pai de volta, ele na luta dele por dias melhores, nós dois juntos no Tobogã do Pacaembu torcendo pelo nosso time, o time que não desiste de lutar — igual meu pai, igual a gente dentro do campo, igual vocês na arquibancada”, finalizou.
Em sua carta de despedida, Du reconheceu que nem sempre correspondeu como era esperado, mas sempre se doou ao máximo dentro de campo. O atleta tinha status de titular com o técnico Vítor Pereira, mas foi perdendo espaço em 2023 sob o comando de Fernando Lázaro.
“Agora eu estou aqui em casa, o passaporte na mesa, a minha mala de viagem aberta em cima da cama, e eu só consegui colocar três coisas dentro dela até agora: escova, pasta e uma camisa do Timão. O sentimento é estranho, de dever cumprido, mas incompleto. É, Fiel, eu sei que nem sempre correspondi ao que vocês esperavam. Nem sempre acertei. Mas eu lutei. Lutei para c******i! E, depois de tudo o que esse clube me deu, não tenho do que reclamar”, comentou o volante que também pode atuar como lateral direito.
“Eu também sentei nessa arquibancada aí onde vocês estão e já xinguei, chorei, briguei, me diverti, já delirei, quase desmaiei até. Conheço cada palmo desse cimento que une a gente, porque ele tá dentro de mim, nasceu comigo, e se fortalece nos abraços que eu dou no meu pai corintiano, nas vezes que eu volto no quintal corintiano da minha quebrada, ou quando eu olho para as bandeiras corintianas na Arena. Eu sinto tudo o que vocês sentem, porque eu sou (e sempre serei) um de vocês: só um corintiano, maloqueiro e sofredor”, finalizou.
Du Queiroz foi envolvido na negociação que fez com que Yuri Alberto fosse adquirido em definitivo pelo Corinthians. Além do volante, Robert Renan foi para o Zenit no início do ano e Mantuan está perto de ser comprado pelos russos.
Pelo Corinthians, Du possui 99 jogos e três gols marcados. No profissional desde 2021, o volante esteve no grupo que chegou até a final da Copa do Brasil de 2022, perdendo a decisão para o Flamengo.
Fonte: www.gazetaesportiva.com
