O Corinthians está próximo de definir a camisa 4 na temporada. O novo modelo foi criado por torcedores alvinegros através de um concurso. Este tipo de ação tem sido cada vez mais comum entre os clubes e surge como uma tendência no futebol brasileiro.
Intitulado de “#MantoDoCorinthians”, a campanha foi dividida em três fases e obteve mais de duas mil artes produzidas. Com apenas dois layouts escolhidos para a última etapa, o resultado que decidirá o escolhido acontece até este sábado, por voto popular da torcida. A votação é feita exclusivamente no aplicativo Universo SCCP.
A última vez que o Timão havia feito uma campanha similar a essa foi em 2012, quando dois fiéis fizeram um design de um uniforme. O time paulista produziu e lançou a “Camisa do Povo”, que nunca chegou a ser utilizada em partidas oficiais, mas foi comercializada nas lojas. Mais de dez anos depois, esse movimento de participação direta das torcidas no layout de uniformes alternativos dos clubes tem crescido.
Recentemente, diversas equipes do futebol brasileiro já apostaram nessa co-criação. O caso mais emblemático é o do Atlético-MG que, em colaboração com a empresa End to End, fez lançamentos nos últimos três anos. Pelo sucesso do projeto, o clube mineiro já espera divulgar a próxima edição do ‘Manto da Massa’ ainda em 2023.
“Este tipo de ação monetiza a relação com o fã e gera uma receita significativa em um curto espaço de tempo, melhorando o fluxo de caixa, o que é fundamental dentro dos clubes de futebol. O Galo teve mais de 60 milhões de faturamento, somando os três anos de Manto da Massa”, comentou Bruno Brum, CMO da End to End.
Outro caso aconteceu em partida válida desta edição do Campeonato Brasileiro. O Goiás atuou com uma camisa especial, que contou com as “mãozinhas” de vários torcedores mirins, todos eles portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA). As cores compunham o “quebra-cabeça”, imagem marcante da causa autista.
“Essa ação, em si, foi muito especial. Porque, além de podermos construir um uniforme com a participação da torcida, geramos uma experiência única para as crianças e, ao mesmo tempo, demos voz a uma questão extremamente importante, que é a inclusão dos portadores de autismo”, declarou Tiago Pinheiro, diretor de marketing do Goiás.
Além do Galo e do Esmeraldino, a empresa de material esportivo Volt Sport também produz ativações como essas. Em 2022, a escolha do uniforme comemorativo dos 110 anos do América-MG foi feita através de um concurso divulgado pela fornecedora. Por conta do bom engajamento dos torcedores na ação, este ano a Volt espera realizar mais projetos como esses envolvendo os clubes parceiros, que são nove no catálogo.
“Essas campanhas são muito legais do ponto de vista dos torcedores. Faz com que eles consigam criar vínculos com o produto que criaram. Do nosso lado, é muito interessante analisar a criatividade dos fãs, aprendemos muito, agregamos nossos conceitos e conseguimos montar o produto final”, conta Fernando Kleimmann, sócio-diretor da Volt.
Já a Penalty, em parceria com o Magnus Futsal, também ouviu os torcedores do clube para elaborar uma nova peça do uniforme de 2023. Após se reunir com membros da torcida “Fúria Sorocabana”, foram escolhidas frases marcantes, que são cantadas nos jogos, para compor o design da primeira camisa de aquecimento da equipe. Com um formato diferenciado, que se assemelha a um grafite, as expressões foram cravadas ao longo da peça do time de Sorocaba.
Renê Salviano, fundador da HeatMap e especialista em marketing esportivo, pondera que não basta só o lançamento da camisa e acrescenta que é necessário dar a devida atenção ao projeto: “O uniforme é algo muito visado pelos torcedores, então é essencial que os clubes de fato escutem as opiniões dos fãs. Também vale lembrar que é necessário ter atenção quando essas camisas serão lançadas, o timing da ação é muito importante para o sucesso do projeto”.
Armênio Neto, especialista em geração de receitas no esporte, segue uma linha de raciocínio parecida. “As camisas que os atletas usam é a maior marca de um clube e todo mundo vai ver, por isso é legal que a torcida se identifique com os modelos”.
Fonte: www.gazetaesportiva.com
